
Citotécnica
A Especialidade




Fixação Citológica
A fixação visa impedir os processos degenerativos que se iniciam logo após a morte celular. Os fixadores devem atuar, portanto, impedindo a difusão de enzimas intracelulares liberadas pelas rupturas de membranas e organelas, mediante os processos de precipitação, coagulação ou desidratação das estruturas celulares. Sabe-se atualmente que os principais componentes celulares afetados pela fixação são os peptídeos, as proteínas e os fosfolipídios. O grau de interação dependerá do fixador utilizado. A maioria dos fixadores empregados na citopatologia é composta por soluções alcóolicas. Os álcoois agem na desnaturação dos componentes celulares, principalmente os protéicos, que são mais susceptíveis a remoção da água das células. A desidratação causa uma mudança na estrutura das proteínas de ligação fazendo com que a sua porção hidrofóbica ocupe uma área maior, tornando estas moléculas insolúveis, uma alteração irreversível.
Tipos de fixação citológica
Fixação seca ou ao ar: este tipo de fixação é preconizada quando se pretende utilizar as colorações derivadas de Romanowsky (May-Grünwald-Giemsa, Wright-Giemsa, Leishman, Diff-Quick). Após a confecção dos esfregaços, as lâminas devem ser secas rapidamente com movimentos ao ar até a sua secagem total, entre 3-5 minutos, para evitar artefatos. Em seguida, são fixadas em Álcool Metílico puro para análise por 3 minutos e então estão prontas para a coloração. Este método é bastante difundido na avaliação rotineira de amostras sanguíneas e oncóticas devido a sua eficácia, praticidade e baixo custo. Após fixadas, se mantidas em condições adequadas, os esfregaços podem ser corados após vários dias, com manutenção na qualidade da coloração. Este tipo de fixação não é indicado para as demais técnicas de coloração (não derivadas de Romanowsky).
Fixação úmida: utiliza o álcool etílico 95°, dado o seu alto potencial de desidratação e coagulação proteica. Este tipo de fixação promove excelente diferenciação dos componentes nucleares e citoplasmáticos. O álcool etílico é considerado o “fixador citológico universal” devido a possibilidade de utilização nas mais diversas colorações rotineiras e especiais, como por exemplo, na coloração de Papanicolaou. A fixação dos esfregaços deve ocorrer imediatamente após a sua confecção, previamente a secagem do esfregaço. As lâminas devem ser imersas no álcool etílico 95° e lá mantidas até o momento da sua coloração. Deve-se ter atenção para a evaporação ou perda do álcool que banha as lâminas, evitando a perda da amostra.
Cell-Block (emblocado celular)
Colorações
Hematoxilina & Eosina
A coloração de H&E é constituída por uma combinação de dois corantes - Hematoxilina e Eosina. O uso da técnica foi descrito inicialmente em 1876, por Wissowzky, ao perceber que os dois corantes atuavam de forma complementar. Por se tratar de um método simples e com excelente contraste, o H&E continua a ser o corante mais utilizado no mundo.
A Hematoxilina é um complexo catiônico com sais de alumínio e atua como um corante básico. É carregado positivamente e pode reagir com os componentes carregados negativamente de células basófilas, tais como os ácidos nucleicos. O resultado é uma cor tipicamente azul púrpura.
A Eosina, por sua vez, é aniônica e atua como um corante ácido. Ela está carregada negativamente e reage com os componentes carregados positivamente, estruturas acidofílicas no tecido, tais como os grupos amina em proteínas no citoplasma. Estas estruturas tornam-se róseas.
Fixação: Álcool etílico 95º.
Emprego: Coloração de rotina.
Giemsa
O corante de May-Grunwald (1902) é uma mistura de eosina e azul de metileno (não oxidados), que quimicamente se transforma em eosinato de azul de metileno. Giemsa (Alemanha) desenvolveu, no mesmo período, um corante que leva seu nome e que hoje se sabe ser uma mistura de azur II (mistura equimolar de azur 1 e azul de metileno) e eosinato de azur II (corante formado pela combinação equimolar de azur 1, azul de metileno e eosina amarelada). Esses dois corantes são utilizados em um método de coloração mais demorado, obtendo-se um resultado final melhor e mais detalhado.
Esse corante requer a necessidade de fixação seca, pelo álcool metílico. Após 5 minutos, o corante pode depositado sobre os esfregaços. O tempo para coloração é de aproximadamente 30 minutos. As estruturas ácidas como o núcleo se coram em azul-violeta e os componentes básicos são marcados em azul claro. A evidenciação dos componentes nucleares é considerada boa, sendo, dentre os corantes de Romanowsky, o mais indicado para a avaliação citopatológica.
Fixação: Álcool metílico PA.
Emprego: Coloração de rotina.
Papanicolaou
O Papanicolaou emprega basicamente três corantes Hematoxilina de Harris, OG6 e EA36, sendo que estas soluções são formadas pela mistura de diversos outros corantes. O método é bastante empregado no diagnóstico de lesões epiteliais, uma vez que fornece importantes informações sobre o grau de maturação celular. Os mecanismos de coloração são os mesmos divididos por diversos outros corantes, ligações iônicas. Os critérios e características nucleares tonam-se bastante evidentes, facilitando a classificação e avaliação dos padrões de cromatina. Este método necessita minúcia, principalmente na fase de fixação dos esfregaços, uma vez que utiliza fixação úmida em álcool etílico 95°.
As células epiteliais de revestimento maduras serão marcadas em róseo-avermelhado; células metabolicamente ativas se marcam em vermelho-arroxeado e queratinizadas em laranja ou amarelo.
Fixação: Álcool etílico 95º.
Emprego: Coloração de rotina, com indicação de grau de maturação do epitélio.
Ácido Periódico de Schiff – PAS
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º, metílico PA ou previamente coradas por outra técnica.
Prata Metenamina de Grocott
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º, metílico PA ou previamente coradas por outra técnica.
Ziehl-Neelsen
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º, metílico PA ou previamente coradas por outra técnica.
Perls
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º.
Azul de Toluidina
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º, metílico PA ou previamente coradas por outra técnica.
GRAM
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º, metílico PA ou previamente coradas por outra técnica.
Fontana-Masson
Fixação: lâminas fixadas em álcool etílico 95º.
Descoloração
Por vezes, suspeitamos de agentes infeciosos ou determinados diagnósticos, que poderiam ser confirmados e elucidados mediante o emprego de certa coloração especial, que por vezes esbarra a ausência de lâminas não coradas e/ou na impossibilidade de recoleta. Uma das boas soluções para essa problemática é a possibilidade de descoramos esfregaços previamente preparados e corados. Para tal, utilizamos uma solução alcóolica ácida que propicia a remoção completa do corante não satisfatório e permite a manutenção da viabilidade celular e possibilidade de recoloração.
Técnicas como Ziehl-Neelsen, Azul de Toluidina, PAS, GRAM, H&E demonstram efetividade.